quarta-feira, 19 de junho de 2013

Esclerose Multipla: Tratamentos Alternativos

Doença degenerativa sem cura, a esclerose múltipla surpreende pessoas jovens que, desesperadas, tentam tratamentos alternativos à base de dieta, maconha, vitamina D e até picadas de abelha


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A doença atinge 2,5 milhões de pessoas na proporção de três mulheres para cada homem
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 Foto: Pedro Rubens
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Repentina na maioria dos casos, a esclerose múltipla começa sem alarde. Mas os primeiros sinais diferem. Pode haver leve dormência no braço ou formigamento na perna, fraqueza ao segurar um copo, suave tremor nas mãos ou ligeira dificuldade para escrever, caminhar e falar. Há pacientes que descrevem visão dupla, embaçada ou dor ao mexer os olhos. Às vezes, surgem sintomas que parecem apontar em outra direção, como urgência urinária - aquela sensação de que não vai dar tempo de chegar ao banheiro - e intestino preso. Tudo desaparece em um período de dois dias a duas semanas. Então, a culpa recai no stress, na falta de sono, em um mau jeito. Os episódios se repetem até que um sintoma mais intenso, como paralisia de parte do corpo ou perda da visão, faz soar o alarme e leva ao médico. Com o diagnóstico, vem o choque. "A doença assusta, não só por causar surtos imprevisíveis mas por atingir pessoas, muitas do sexo feminino, que estão crescendo na profissão, iniciando um casamento, às vezes com planos de viajar e ter filhos", explica o neurologista Álvaro Pentagna, do Hospital São Luiz, em São Paulo. "Inconformadas, elas já se imaginam numa cadeira de rodas."
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória crônica que compromete o sistema nervoso central e atinge 2,5 milhões de pessoas no mundo - sendo 30 mil no Brasil -, em uma proporção de três mulheres para cada homem. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, a faixa de maior incidência é dos 20 aos 40 anos. Mas claro que quem tem não precisa se conformar com a possibilidade de degeneração dos neurônios e de incapacitação. "Mesmo que não exista cura, hoje o tratamento, se for adequado e precoce, pode evitar sequelas e permitir uma vida normal", diz Álvaro Pentagna. Nos últimos 20 anos, houve avanços graças à definição de critérios diagnósticos e a novas opções terapêuticas. É o caso do fingolimode, que, recém-chegado ao Brasil, é o primeiro medicamento via oral para controlar a doença (os demais são injetáveis). Contraindicado para quem tem distúrbios cardíacos, retarda a progressão dos sintomas ao diminuir a ação das células imunológicas.
A doença tem origem autoimune: as células de defesa do organismo atacam a bainha de mielina, capa de gordura que envolve as ramificações dos neurônios com o objetivo de protegê-las e facilitar a propagação de estímulos. "A bainha funciona como o plástico isolante que encapa o fio elétrico", compara Pentagna. Com a agressão, ela se inflama, os impulsos nervosos perdem força e os surtos acontecem. Causas possíveis são herança genética - quando há histórico familiar, o risco cresce de quatro a cinco vezes - e fatores ambientais, como infecções virais, falta de exposição ao sol e tabagismo. Uma pesquisa da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicada em julho no periódico Neurology, demonstrou que o stress desencadeia e agrava as crises.

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